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A terra dos meninos pelados Graciliano Ramos Havia um menino diferente dos outros meninos: tinha o olho direito preto, e esquerdo azul e a cabeça pelada. Os vizinhos mangavam dele e gritavam: – Ó pelado! Tanto gritaram que ele se acostumou, achou o apelido certo, deu para se assinar a carvão, nas paredes: Dr. Raimundo Pelado. Era de bom gênio e não se zangava; mas os garotos dos arredores fugiam ao vê-lo, escondiam-se por detrás das árvores da rua, mudavam a voz e perguntavam que fim tinham levado os cabelos dele. Raimundo entristecia e fechava o olho direito. Quando o aperreavam demais, aborrecia-se, fechava o olho esquerdo. E a cara ficava toda escura. Não tendo com quem entender-se, Raimundo Pelado falava só, e os outros pensavam que ele estava malucando. Estava nada! Conversava sozinho e desenhava na calçada coisas maravilhosas do país de Tatipirun, onde não há cabelos e as pessoas têm um olho preto e outro azul. Graciliano Ramos. Alexandre e outros heróis. 14. ª ed. Rio, São Paulo: Record, Martins, 1977. O trecho destacado no texto utiliza o discurso indireto porque

Sagot :

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