Sua amizade ao grumete nascera, de resto, como nascem todas as grandes afeições, inesperadamente, sem precedentes de espécie alguma, momento fatal em que seus olhos se fitaram pela primeira vez. Esse movimento indefinível que acomete ao mesmo tempo duas naturezas de sexo contrários, determinando o desejo fisiológico da posse mútua, essa atração animal que faz o homem escravo da mulher e que em todas a espécies impulsiona o macho para a fêmea, sentiu-a Bom-Crioulo irresistivelmente ao cruzar a vista pela primeira vez com o grumetezinho. Nunca experimentara semelhante cousa, nunca homem algum ou mulher produzira-lhe tão esquisita impressão, desde que se conhecia! Entretanto, o certo é que o pequeno, uma criança de quinze anos, abalara toda a sua alma, dominando-a, escravizando-a logo, naquele mesmo instante, como a força magnética de um imã" (Caminha, 1995, p. 17). Fonte: CAMINHA, A. Bom-crioulo. São Paulo: Atica, 1995. Um dos marcos do Naturalismo no Brasil, a obra Bom-Crioulo, de Adolfo Caminha, apresenta uma estética bastante marcada pelo pensamento positivista e determinista. Considerando essas informações e a leitura do excerto apresentado, analise as afirmativas a seguir: I. Em Bom-crioulo, observamos o determinismo social na forma como os fatores raça, classe social e momento histórico influenciam a posição social e o destino das personagens da narrativa. II. No excerto, observamos a forma como o zoomorfismo é aplicado pelos escritores naturalistas para desenhar os seres humanos como sujeitos altamente vulneráveis aos instintos carnais. III. A linguagem direta e o descritivismo verificados no excerto são marcas essenciais da arte Naturalista, a qual tem por objetivo, tal como o Realismo, a apresentação de uma explicação racional para os fatos. IV. A perspectiva positivista do romance Bom-crioulo é revelada ao observarmos o modo como as personagens são submetidas a determinados estímulos, como o sexual, visando comprovar determinadas teses sobre o comportamento humano