Nas famosas Meditações Metafísicas, Descartes apresenta um tipo de dúvida – "hiperbólica" – sobre o quanto pode conhecer, chegando ao ponto de dizer que "duvidava de tudo". Essa postura podemos chamar de "ceticismo", ideia que remonta às seitas helenísticas da época antiga. Porém, há uma diferença entre o ceticismo moderno, que aqui Descartes apresenta, e o antigo, uma vez que o ceticismo moderno está ligado ao pessimismo em relação ao futuro dos homens e do mundo, enquanto o ceticismo antigo significava uma descrença total na capacidade da filosofia e da ciência. Para os céticos antigos, duvidar significava duvidar da verdade dos homens, porém era possível acreditar na verdade do intelecto divino, o que Descartes não aceitava. Para os céticos antigos, ceticismo significa a suspensão do juízo, a incapacidade para afirmar a verdade ou falsidade de algo; já para o mundo moderno, ceticismo significa a descrença na realidade do mundo. Os céticos modernos estão relacionados com a política, enquanto o ceticismo antigo dedicava-se à atividade científica e filosófica em geral. Os céticos antigos fundaram uma escola de pensamento cético, baseada na descrença das instituções vigentes, enquanto o ceticismo moderno possui uma abrangência individual e não social