“Releva dois pontos de vista mais significativos: o racionalismo e o relativismo cultural. Ao apontar os dilemas de cada um deles, destaca os desafios da sociedade contemporânea ao lidar com a diversidade cultural. Um problema espinhoso, pois ‘cada vez mais a identidade coletiva parece definir-se em termos de etnicidade, cultura, herança e tradição.’ Ressalta ainda dois grandes problemas que se colocam para os movimentos políticos que assumem os valores da tradição democrática. Um deles é o de ‘como defender a igualdade sem desqualificar o referente da diferença cultural’, qual seja, como defender a igualdade sem correr o risco de apagar a diferença como valor distintivo. O outro diz respeito ao dilema da natureza da representação política num contexto de crise do Estado-nação, onde se fragilizam as mediações entre os direitos individuais e a base universalista dos direitos humanos que lhe dão sustentação. [...] Através do uso da noção de cultura, os antropólogos perceberam outras formas de racionalidade e sentido em modos de vida distintos, igualmente dignos e coerentes, desmistificando, portanto, o pleito à superioridade, inerente a formas de pensamento ocidental. O exame das relações entre setores populares, escola e sociedade vem nutrindo-se de abordagens sobre a diversidade cultural concreta e da incorporação de explicações relativas às diferenças socioculturais, através de uma crítica às posturas etnocêntricas”