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Leia o fragmento do artigo de Franco (2016): Pensar no corpo como instrumento de construção do sujeito nos remete à definição de corpo elaborada por Silvana Goellner (2003), para quem “um corpo não é apenas um corpo, é também o seu entorno”, que ultrapassa a concepção estritamente biológica de se constituir de um conjunto de músculos, ossos, vísceras, reflexos e sensações. O corpo se define pelos significados sociais e culturais que a ele se inserem. O corpo é também a roupa e os acessórios que o adornam, as intervenções que nele se operam, a imagem que dele se produm sem limite de possibilidades sempre reinventadas e a serem descobertas (GOELLNER, 2003, p. 29). (Re)inventar, (re)significar, ou, literalmente, (re)construir o que a cultura e a vida social elaboraram pautadas nas certezas que definiram o ser humano nos conduzem a interpretar o corpo como um espaço de reencontros e, concomitantemente, um território de afrontamentos das verdades que ao longo da história fizeram do corpo uma dimensão fixa e estável, ou, como observou Judith Butler (2003), “simplesmente matéria”. Para ela, o corpo é uma estrutura imaginada consequência/produto/efeito do desejo e não a causa deste, portanto, constituído e delineado pelo discurso e pela lei estabelecendo relações estreitas com as dimensões que o integram, sejam elas, de gênero, sexual, de raça e etnia, geracional, de classe social e, também, da própria estrutura corporal e psíquica; aspectos que em decorrências dos padrões sociais e culturais podem situar o sujeito como integrante ou não da condição humana. Nesse sentido, a forma como o sujeito adquire ou constrói suas relações com essas dimensões na efetivação de seu corpo pode situá-lo fora da condição humana hegemonicamente instituída e inspirada na concepção de sujeito moderno que se consagra nos princípios iluministas, sendo esse sujeito uma invenção e não uma descoberta da modernidade. Portanto, como descrevem Alfredo Veiga-Neto e Carlos Nogueira (2010), essa invenção pauta-se exclusivamente a partir dos princípios constituintes da identidade social de seus “arquitetos”: brancos, machos, eurocêntricos, colonialistas, burgueses, cristãos, ilustrados e heterossexuais. Essas marcas definiram a possibilidade de um modelo de sujeito que habitaria um mundo necessariamente natural e universal. A inadequação de certos sujeitos a esses princípios definidores do padrão de humanidade por serem negros/as, pobres, mulheres, homossexuais, travestis, transexuais, transgêneros, deficientes, e tantas outras formas de demarcadores identitários incidem sobre esses sujeitos as formas mais acirradas de desprezo social, em que a escola historicamente consolida-se como um dos principais vetores desses processos de exclusão. Em contraposição a esse processo, a perspectiva da inclusão tornou-se pauta necessária no contexto social com implicações específicas para o contexto escolar. A partir da leitura, podemos ampliar o conceito de inclusão para além das pessoas com deficiência através de quais afirmações abaixo?