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Qual a importância do som?



Sagot :

A famosa tortura chinesa das gotas d’água sobre a cabeça pode parecer dos males da tortura o menor, mas não se engane. Não é apenas a sensação de estar molhado (horas ou até mesmo dias depois) que incomoda mas, principalmente, o barulho da gota sobre a cabeça do torturado que poderá levá-lo à loucura. Mais ou menos como algumas pessoas se sentem ao ouvir o jingle “Poneis Malditos” ou alguma canção da banda Calypso.

Propagandas que marcaram época e fizeram em sua maioria continham (em sua essência) ótimas frases de impacto (considerando também mensagens subliminares ou nem tanto como: COMPRE BATON – COMPRE BATON…) e uma trilha sonora  ’grudenta’ ou matadora.

Em muitos casos a trilha sonora sobrepõe em tamanho extraordinário a propaganda e cai no gosto popular tornando-se o meio mais forte de empatia com uma marca ou produto, a nível de se tornar mais forte que a mensagem publicitária ainda que arremetendo nossa lembrança à propaganda em si. Se pararmos pra pensar, algumas destas não seriam nada sem aquele ” jingle chiclete ” (que provavelmente funcionaria bem em spots de rádio) ou canções que reforçassem a idéia.

Os sons, a voz e a palavra são temas importantes para a Fonoaudiologia. O presente estudo teve como objetivo mostrar que estas categorias têm um alcance muito mais amplo, ou seja, exercem uma verdadeira ligação com o sagrado e harmonizam o ser. Esta nova dimensão foi, então, retomada na atuação clínica do fonoaudiólogo, possibilitando a ampliação de seus horizontes para a construção de sua prática. Todo esse percurso realizou-se a partir de pesquisa teórica e bibliográfica. Inicialmente, fez-se a retrospectiva histórica da Fonoaudiologia no Brasil, a sua articulação com outras áreas de conhecimento e uma reflexão sobre o método clínico. Realizou-se, também, a análise do processo interativo da comunicação: voz, respiração, audição e consciência corporal e das relações que há entre voz e emoções, voz e respiração, voz e consciência corporal. O quadro seguinte apresentou a ligação das categorias voz, som e palavra com o sagrado e seus aspectos transcendentais. Dentro de uma perspectiva histórica, mostrou-se a origem do som no momento da criação, a importância da voz, da palavra e dos sons para os diferentes povos, a sua influência na matéria e como interfere no equilíbrio físico, emocional e mental, além de evocar sentimentos espirituais e possibilitar a expansão da consciência, a harmonização e a cura do ser. Todos esses elementos levaram à construção de uma nova proposta, uma nova forma de atuação terapêutica fonoaudiológica, pois no momento em que integramos o sagrado e as categorias voz, palavra e som emergem transformações na realização da prática terapêutica, já que o paciente não é mais visto como um sintoma ou um sujeito que apresenta uma patologia e chega em terapia para reduzir o seu ?problema?. Observou-se também que há uma conexão viva entre paciente e terapeuta através de suas falas, de suas vozes, da escuta e do silêncio. O espaço terapêutico pode configurar-se portanto, como um espaço no qual o paciente e terapeuta podem ser ouvidos e vistos, o que faz com que lembrem do seu valor como seres humanos. Com isso a parte sadia do paciente se revela e ele pode construir a sua própria história, expressando o seu todo e aprendendo a escutar a sua própria voz. Ao fazer isso, recria o caminho que ele tinha esquecido para o seu mundo interior, para a fonte do que é essencial e isso pode trazê-lo de volta ao exterior, expressando uma linguagem harmônica, criativa e que dá vida às palavras. Este processo, na verdade, é um processo de cura mútua ? paciente e terapeuta. Portanto, é um estudo que propõe a ampliação dos horizontes conceituais e metodológicos da Fonoaudiologia e da compreensão do agente deste processo e de suas realizações: o ser humano.