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Onde e quando começou a Reforma Protestante na Europa?



Sagot :

A Reforma Protestante foi iniciada na na Alemanha, e estendendo-se pela Suíça, França, Países Baixos, Reino Unido, Escandinávia e algumas partes do Leste europeu, principalmente os Países Bálticos e a Hungria. Tendo início no século XVI por Martinho Lutero.

O ano de 1517 marca o início da Reforma protestante, com a afixação das 95Teses do frade agostinho alemão Martinho Lutero (1483-1546), em Vitemberga.Apresentado na véspera do Dia de Todos os Santos, altura em que eram pagasas indulgências, este texto põe em causa vários pilares da Igreja romana, comoa existência do Purgatório, o celibato dos padres, o culto da Virgem e dossantos e a autoridade de Roma, entre outros pontos consideradosfundamentais. Estas ideias não eram de todo irreconciliáveis com a Igrejaromana. Contudo, a intransigência de Roma acabou por condenar Lutero atravésda bula Exsurge Domine (1520), levando-o a separar-se definitivamente daIgreja romana e a procurar o seu próprio caminho, expresso nas suas três obrasfundamentais: À Nobreza Cristã, Do Cativeiro de Babilónia e Da Liberdade doCristão. 
O movimento luterano vai instalar-se numa Alemanha sedenta de reformas, ondeas rivalidades políticas e sociais se insurgiam contra o poder de Roma. Luteroganha assim a admiração dos humanistas alemães, como Ulrich von Hutten.Consegue também a simpatia de alguns príncipes, vindo a refugiar-seinclusivamente no castelo de Wartburg, em 1521, sob a proteção do eleitor daSaxónia.  empreendeu uma das suas tarefas mais marcantes, a tradução daBíblia para alemão, editada em 1534. 
O avanço das ideias de Lutero conduziria a movimentos mais radicais, como ode Vitemberga, liderado pelo seu discípulo Karlstadt, o dos "padres cavaleiros"no Sul da Alemanha, à frente do qual estava Ulrich Zwingli (1484-1531), autordo primeiro programa definido da reforma teológica alemã, ou a Guerra dosCamponeses, em 1524-1525. Perante estas ações extremas, Lutero tomaria opartido dos senhores, levando a que os príncipes do Norte e do Centro daAlemanha aquiescessem aos ideais propostos por Lutero, enfrentando destaforma o poder do clero, que é desapossado dos seus bens. Alberto deBrandenburgo, em 1525, nacionalizou os bens da ordem dos CavaleirosTeutónicos, dando origem ao futuro Estado da Prússia. Assim, começaram asurgir por todo o território alemão as igrejas ligadas ao Estado, fomentadaspelos príncipes e com uma doutrina e liturgia escritas por Lutero. 
Ao serem protegidas pelos soberanos, as ideias de Lutero vão confundir-se coma luta política travada contra o poder do império dos Habsburgos, levandoCarlos V a querer impor o catolicismo novamente. Os príncipes luteranos,  emgrande número, opõem-se vivamente, levantando um "protesto" contra asdecisões romanas durante a Dieta de Spire (1529). Daqui advém a expressãocatólica "protestantismo", pela qual ficaram conhecidos os movimentos que seopõem à Igreja Católica Romana (designação tridentina). Estas lutas terminaramem 1555 com a Paz de Habsburgo, que determinava a liberdade de os príncipesescolherem a sua religião (o príncipe cujus regio ejus religio). 
Paralelamente ao movimento reformista alemão, a Europa por sua vez vaitambém conhecendo o teor da reforma protestante luterana, que se difundepelos países escandinavos, pela Prússia e países bálticos. Ao mesmo tempo, asideias de oposição aos dogmas da Igreja romana vão despertando outrasconsciências e suscitando novas correntes reformistas, como é o caso docalvinismo, cujo mentor foi o teólogo francês João Calvino (1509-1564). Depoisde aceitar as doutrinas de Lutero, este professor de Teologia é forçado a deixarParis, em 1533, refugiando-se em Basileia, onde publica o texto elementar docalvinismo, Institution de la Religion Chrétienne (1536), partindo em seguidapara Genebra. Aqui virá a ser responsável pelo centro de teologia e pelaimplantação do calvinismo, que depois se espalha pela Suíça, Países Baixos eFrança, atingindo também o Norte da Escócia. 
Em Inglaterra, a Reforma chega através de um conflito de Direito entre a Igrejade Roma e a coroa, então nas mãos de Henrique VIII (1491-1547). Este reipretendia divorciar-se de Catarina de Aragão, para poder desposar Ana Bolena.Como o Papa Clemente VII não lhe anulou o casamento, Henrique VIII cortourelações com a Santa Sé, autoproclamando-se chefe da Igreja de Inglaterra.Após alguns reveses, a Igreja anglicana, com alguma simpatia pelo calvinismo(embora mitigado), será definitivamente oficializada por Isabel I.
Assim, uma parte significativa da Europa, o Norte, principalmente, adere aosideais reformistas, opondo-se energicamente à Igreja fiel a Roma. 
Em comum, todas estas correntes têm a rejeição da universalidade da igreja(não há, na corrente "protestante", o equivalente ao Papa de Roma) e o direitode cada fiel fazer a sua interpretação pessoal da palavra divina. Daí decorre arejeição da confissão e de outras práticas em que o sacerdote é o intermediárioentre o fiel e o seu deus (ou seja, o sacerdócio universal dos crentes), e anecessidade de ler os textos sagrados (veículo fundamental da revelaçãodivina) na língua do país, o que  é possível por meio de traduções (nestecampo, foi também Lutero um pioneiro). 
Estas ideias tiveram sucesso nas regiões onde o poder secular desejava fazerfrente ao poder da Igreja, aliando príncipes contra o poder eclesiástico. Poroutro lado, os soberanos católicos unem-se para travar o avanço protestantecom a Reforma Católica, que culmina com as diretrizes emanadas do Concílio deTrento (1545 a 1563). Contudo, o manto que Roma estendia sobre o Ocidenteeuropeu ficou definitivamente retalhado, iniciando-se uma época de pluralismoreligioso, doloroso e sangrento.