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Emicida: AmarElo – É Tudo Pra Ontem (Netflix, 2020): imprescindível
Documentário estrelado pelo rapper Emicida aborda com leveza a herança

cultural afro-brasileira e seu vasto legado.

Alan Fernandes.

Entre idas e vindas no tempo, o documentário da Netflix “Emici-
da: AmarElo – É Tudo Pra Ontem” traça com exímia fluidez diversos paralelos entre o presente e o passado, focando na luta de

personalidades negras que com muita coragem e determinação

abriram caminho para as futuras gerações. Seguindo essa abordagem, o estreante na direção, Fred Ouro Preto, adota uma estrutura narrativa não linear e fragmentada que visa sobretudo explicar o fenômeno que culminou no show do rapper Emicida em 2019

no Theatro Municipal de São Paulo – espaço majestoso frequen-
tado majoritariamente pela elite branca paulistana, muito embora

construído e arquitetado por pessoas pretas convenientemente
apagadas da nossa história.
A trama formalmente recorre a um modelo dividido em três atos,
batizados pela obra como Plantar, Regar e Colher, que atendem ao
propósito de organizar as sequências que alternam entre breves

animações meramente ilustrativas, imagens de arquivo de acontecimentos históricos, cenas dos bastidores em estúdio e a gravação da apresentação do músico no

teatro. Tudo devidamente amarrado pela narração de Emicida que, apesar de se tornar famoso justa-
mente por travar intensos duelos contra outros MCs, finalmente apresenta sua faceta serena e conciliadora, guiando o público rumo a um intenso e emocionante resgate da cultura negra brasileira, cujas

raízes são muito mais profundas do que a maioria de nós sequer imagina.
Embora falte ousadia e uma maior inspiração por parte da direção, um tanto quanto formulaica demais

para a proposta do documentário, o ritmo da montagem e edição tornam a experiência em geral consistente e prazerosa. Além disso, o texto nunca se perde em divagações desnecessárias ou incluídas à toa

de modo abrupto. Cada linha de diálogo possui seu devido propósito e contexto, movendo a trama sempre adiante. Também há um minucioso trabalho de pesquisa, no qual muitos dos fatos apresentados se

conectam de maneira bastante orgânica, apesar de inicialmente soarem dissonantes. Um bom exemplo
disso é a inusitada correlação que o filme sugere entre o recente surto de COVID-19 com o surgimento
do grupo musical Oito Batutas, formado em meio à pandemia da Gripe Espanhola, em 1919.

Como um prisma que absorve luz branca e a converte em todas as demais cores, a fotografia do longa-metragem utiliza imagens em preto e branco, cuja cor branca é levemente acentuada, para retratar

acontecimentos do passado em contraponto a uma paleta de cores variadas e vibrantes ao se referir ao
presente. Assim se denota um certo otimismo e fé que o amanhã será melhor que ontem, ou para além
disso, propondo que só é possível corrigir os erros do passado olhando para o agora.
A trilha sonora é composta inteiramente por músicas do profético álbum “AmarElo”, justificando assim
parte do título da produção. Em vez de somente ambientar, as canções cumprem o papel essencial de
conduzir a narrativa, ditando os temas de cada segmento e colaborando na conclusão dos arcos de

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maneira catártica. Assim como a narração que passeia sem pudor entre diferentes períodos, os ritmos

musicais também aderem a tal proposta, mesclando rap e samba e batizando o resultado de neo-samba, uma vez que, segundo o narrador, os antigos sambistas já tocavam algo semelhante ao rap muito

antes do gênero ser criado nas periferias estadunidenses, algo bem emblemático que reforça ainda
mais o sentido da obra.
Imprescindível, o documentário “Emicida: AmarElo – É Tudo Pra Ontem” é um valioso registro histórico

sobre a negritude e seus impactos na cultura brasileira. Transitando entre épocas diferentes, a narração ágil aliada à edição fluída obtém êxito tanto em informar quanto em emocionar o público. Possivelmente, até aqueles que pouco ou nada sabem sobre o álbum que dá título à obra. De antigos artistas

negros à Emicida, o filme condensa mais de cem anos de história em cerca de 90 minutos, culminando
finalmente no apoteótico show do rapper que, em alto e bom som, convida todos a refletirem sobre o
agora, para que o passado nunca mais volte a ser o amanhã.


2. Que informações o leitor pode obter a partir da leitura do texto?


Sagot :

*Pergunta*

2) ~*Que informações o leitor pode obter a partir da leitura do texto *~

RESPOSTA:

Um valioso registro histórico sobre a negritude e seus impactos na cultura Brasileira!

Explicação: Espero Ter Ajudado Voçe Meu Amigo(a)

Resposta:

um o registro sobre a cultura Negra e suas histórias