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Política

Pandemia e Geograficidade: da expansão do Coronavírus às estratégias de prevenção

Por Sandoval AmparoPublicado em: 21/04/2020 às 15:05

Quase nunca nos damos conta da geograficidade imanente à nossa existência. Entretanto, é por meio da Geograficidade que se sabe quase tudo acerca da Pandemia Covid-19.

Por muitos anos se falou da geografia como uma disciplina enfadonha e decorativa, sem lugar fora das salas de aula. Mesmo após a ebulição teórica que foi o movimento da Geografia Crítica, foi esta a visão, a de uma Geografia que não teoriza, apenas descreve, a que prevaleceu na recente reforma educacional brasileira, que estabeleceu os BNCC (Base Nacional Comum Curricular), onde praticamente a importância desta disciplina encontra-se reduzida ao mapa e a geograficidade é tratada como raciocínio geográfico e/ou mero jogo de localizações. Mas a Geografia contemporânea e sua multiplicidade teórica e metodológica lhe permitem ir muito além desta visão simplista, em quem o geográfico se reduz ao mapa e seu ensino.

Isto porque a Pandemia permite observar claramente os diversos cortes que fraturam a sociedade e as múltiplas espacialidades dos sujeitos que não apenas jogam, mas lutam pela vida. Assim, enquanto alguns aparecem defendendo a continuidade de um sistema esquizofrênico no qual a solidariedade é reduzida a ações de caridade, outros estão, efetivamente, utilizando a pandemia para refetir sobre nossa vulnerabilidade de espécie. Além disso, a pandemia do Coronavírus evidencia a quebra final de paradigmas, já que tem o potencial catastrófico das grandes epidemias históricass, como a gripe espanhola (sec. XX) ou a peste bulbônica (sec. XIII) e a tuberculose (século XIX).

Particularmente, observa-se que as determinações territoriais, a que o geógrafo Milton Santos chamava de formações socioespaciais, nos permite considerar a posição dos sujeitos no interior da geometria social (para utilizar o termo de Massey) de uma dada sociedade. Assim, por exemplo, fatores como a precarização territorial contemporânea, o direito diferenciado à cidade ou ainda as diferenças ambientais cidade x campo estabelecem condições diferenciais para a propagação do virus, ao mesmo tempo em que demonstram com gravidade e acidez a vulnerabilidade destes grupos, factualmente vulnerabilizados pela precarização de seuss espaços de vida, ausência de condições sanitárias e alimentares mínimas. Poder-se-ia ainda abordar a vulnerabilidade dos povos indígenas, diante de uma pandemia tão grave.

Embora a Geografia tenha sua identidade associada ao registro cartográfico, o mapa deve ser tomado como um meio para demonstrar a geografia concreta ou imaginária de um fenômeno pensado ou vivido. O mapa é sempre uma representação da realidade e, portanto, fruto da inteligência geográfica que consiste na apreensão, recorte e universalização de um mundo que, no entanto, é sempre pessoal e subjetivo, é sempre uma percepção do mundo. Entrada para as chamada geografia fenomenológica e ambiental, a percepção, para os geógrafos, é um conceito elástico que permite como observar como um mesmo fenômeno pode ser compreendido de múltiplas formas, por diferentes sujeitos

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