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Sagot :
As transformações recentes no mundo do trabalho no contexto do capitalismo contemporâneo e a precarização do trabalho foram alguns dos temas abordados por José Sérgio. « O capitalismo do século 20 é coordenado pelas grandes empresas burocratas, é um processo de apropriação pelo sistema de dominação», disse José Sérgio, acrescentando que a precarização do trabalho é um dos efeitos das transformações capitalistas sobre os trabalhadores. « A precarização do trabalho é uma dimensão permanente do capitalismo», explicou. José Sérgio destacou que atualmente há uma epidemia de LER , além de outras doenças específicas do processo de trabalho de cada um como metalúrgicos, mineradores, trabalhadores agrícolas, entre outros.
Marcelo Badaró fez uma avaliação da classe trabalhadora no Brasil atual e falou também sobre as relações de trabalho no campo e na cidade. « Em uma mesma empresa, coexistem formas tradicionais de trabalho com formas mais primitivas, convivem não assalariados com assalariados. » .
Desafios e lutas
Batista Júnior falou sobre as transformações no modo de trabalho em saúde após a implantação do SUS, em 1988, como o número de estabelecimentos de saúde, que passaram de 30.872 em 1986 para 94.070 em 2004, e a quantidade de profissionais que passaram de 1.438.708 em 1992 para 2.566.694 em 2005. « E hoje, está em curso uma desconstrução do SUS com a desresponsabilização dos entes federais e estaduais e a crescente municipalização dos serviços de saúde», destacou ele, lembrando que os postos de trabalho da área da saúde no setor público diminuíram nos níveis federal e estaduais e aumentaram nas esferas municipais. « Essa formação é voltada para o setor privado e o mercado de trabalho e dessintonizada com a realidade do SUS», destacou ele, acrescentando que outro problema relacionado à força de trabalho é a precarização dos vínculos trabalhistas causada, entre outras coisas, pelas privatizações e terceirizações. Nelci Dias resaltou a importância dos trabalhadores do SUS para o bom funcionamento do sistema.
«Não tem como qualificar o SUS e ampliar o acesso sem a valorização dos trabalhadores. Apesar das dificuldades e avanços, o SUS ainda tem uma dívida com os trabalhadores da saúde porque não se faz gestão do trabalho no SUS. A cada Conferência Nacional de Saúde as pautas se repetem e as decisões também, mas o saldo do que foi realmente implantado é negativo». A gestão do trabalho em saúde sofre as consequências também da crise e reestruturação do capitalismo, com equipes de saúde cada vez menores, dando conta de mais gente.
«A gestão na saúde é o trabalho com pessoas cuidando de pessoas. Temos que pensar como valorizar e qualificar a todos para que se sintam integrados e valorizados parta fazer um atendimento humanizado. O setor saúde ocupa o segundo lugar em adoecimento, mas não de doenças do corpo, a predominância é da doença mental, causada, muitas vezes, pelo assédio moral». «A crescente feminilização do trabalho em saúde também é um sinal da precarização, considerando que as mulheres ganham menos que os homens», disse ela.
« Cabe às entidades representativas e aos trabalhadores enfrentar esses desafios e qualificar o trabalho no SUS», concluiu Nelci.
Educação Profissional
‘Trabalho e Educação Profissional em Saúde’ foi o tema da mesa que teve a participação dos professores-pesquisadores da EPSJV, Júlio César França Lima e Marise Ramos. Júlio Lima fez um breve histórico da formação profissional em saúde no Brasil que, até o início do século 20 era essencialmente prática. Além disso, os serviços de saúde tinham uma prática autônoma e muitas vezes eram ligados à Igreja, como é o caso das Santas Casas. A partir da década de 1950, esse cenário começou a mudar com o empresariamento da Saúde incentivado pelo Estado.
Entre as décadas de 1950 e 1970, houve a consolidação da burguesia dos serviços de saúde. «O empresariamento da saúde é concomitante com o crescimento do capitalismo no Brasil a partir da década de 1950. » Para tentar solucionar o problema da qualificação, na década de 1980, foi criado o Programa Larga Escala, que se tornou uma referência na formação profissional em saúde e deu origem aos Centos Formadores que viriam a se tornar as Escolas Técnicas do SUS . A partir da década de 1990, o empresariamento da saúde foi se ampliando cada vez mais, o que incluía a formação profissional votada para os interesses do mercado privado.
Citando Armando Boito Júnior, Júlio lembrou que essa nova burguesia dos serviços de saúde se organiza em associações como a Confederação Nacional de Saúde, aumentando seu poder econômico e fortalecendo sua atuação política em um setor do qual o Estado pretende se desvencilhar. «Essa burguesia dos serviços de saúde se caracteriza por atuar em grandes centos urbanos, buscar novos nichos de mercado em saúde, fazer uma governança corporativa, com ações na Bolsa de Valores, e investir em pesquisa e hospitais hotéis», explicou Júlio.
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