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Texto para as questões 01 e 02.
“Gracias a la Vida” e a vocês
Se quem escreve o faz para um outro, o outro está sempre presente quando escrevemos. Trata-se, pois,
de um exercício solitário na aparência, mas que nos põe em contato virtual com todos os possíveis leitores.
Quando apagamos, quando corrigimos, nós o fazemos para o severo leitor, eu ou você.
No meio deste mundo aparentemente superpovoado, aumenta sempre o número dos que se ressentem do
anonimato, da solidão, da falta de tempo para si. É contra isso tudo que cada vez mais escrevemos na luta que
travamos contra essa existência e esse isolamento que a multidão nos impõe. Quanto mais nossa existência ocorre
na solidão de minúsculas ilhas desertas, imaginárias, mais escrevemos para manter a comunicação com os outros.
Nas celas solitárias dos mais severos presídios, encontramos recados raspados a unha. Náufragos
hasteiam bandeiras. Grandes homens e mulheres perscrutam suas especificidades e escrevem autobiografias.
Quando o "engenho e arte" de cada um não dá conta, paga-se para que alguém escreva.
Nas livrarias, estantes de biografias ocupam cada vez mais espaço. Proliferam cursos de redação. Quanto
menos dizem que lemos, mais livros são publicados. Nas feiras de livros, vagamos por quilômetros de livros
expostos.
Cada livro é uma porta aberta, uma janela escancarada por onde alguém fala ao mundo - que pode ser
uma pessoa, um grupo, uma tribo, uma nação - e, se muito talento houver, talvez fale a todo mundo e a todo o
futuro. Deixar escrito é uma esperança lançada na direção da imortalidade. Os que escrevem e são escolhidos
entram na academia, não é? Os acadêmicos tornam-se imortais. Dizem.
Nas mitologias ocidentais, depois da morte, o destino das almas não é a solidão, é o céu, o inferno, o
purgatório, o limbo, em torno do padre eterno. Juntos, em boa companhia, entramos em alguma eternidade.
Disse do mundo ocidental porque é aí que parece estar arraigada essa mania de escrever, assim como o
medo do isolamento, da morte e do vazio do grande silêncio interior. Escrever aparece como grande ponte para
se esquivar dessas formas aversivas de sentir.
Parece que não basta o amor e o respeito ao próximo. Eles precisam ser expressos na prática. Escrever é
dizer o sentimento. É um fazer que pode ser percebido. Nos agrupamentos humanos onde predominam contatos
diretos face a face, pode-se dispensar a escrita, pois se pratica a comunicação contínua. Onde os contatos face a
face rareiam, onde o isolamento começa a machucar, a escrita é o ato de se aproximar. É o grito.
Anna Verônica Mautner, Folha de S. Paulo – 04/09/03
QUESTÃO 01. De acordo com a autora do texto
A) para escrever bem, é necessário ir para uma ilha deserta, imaginária ou não.
B) nos contatos humanos diretos, é possível se dispensar o ato da escrita, mas onde esses contatos não são
frequentes, escrever aproxima os indivíduos.
C) as autobiografias se tornaram mais abundantes, numa demonstração única de fuga da solidão.
D) cada livro, independentemente do talento de quem o escreve, é uma obra para o mundo, para o futuro.
QUESTÃO 02. Segundo o texto, é CORRETO afirmar que o ato de escrever
A) aproxima as pessoas.
B) é exclusivo do mundo ocidental.
C) torna os escritores imortais.
D) é a única forma de expressar os sentimentos.
Sagot :
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