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A fogueira
A velha estava sentada na esteira, parada na
espera do homem saído no mato. As pernas
sofriam o cansaço de duas vezes: dos-caminhos
idosos e dos tempos caminhados.
A fortuna dela estava espalhada pelo chão: tige-
las, cestas, pilão. Em volta era o nada, mesmo o
vento estava sozinho.
O velho foi chegando, vagaroso como era sen
costume. Pastoreava suas tristezas desde que os
filhos mais novos foram na estrada sem regresso.
«Meu marido está diminuir», pensou ela. É uma
sombra.»
Sombra, sim. Mas só da alma porque o corpo
quase que não tinha. O.velho chegou mais perto e
arrumou a sua magreza na esteira vizinha. Levan-
tou o rosto e, sem olhar a mulher, disse:
- Estou a pensar.
- É o quê, marido?
- Se tu morres como é que eu, sozinho, doente e
sem as forças, como é que eu vou-lhe enterrar?
Passou os dedos magros pela palha do assento
continuou:
Somos pobres, só temos nadas. Nem ninguém
não temos. É melhor começar já a abrir a tua còva,
mulher.
A mulher, ​


Sagot :

Explicação:

Com base no trecho fornecido do conto "A fogueira", podemos perceber que a narrativa aborda a vida de um casal idoso em situação precária, lidando com questões de solidão, pobreza e mortalidade. A comunicação entre eles revela a preocupação do marido com o futuro e a realidade dura em que vivem. A atmosfera melancólica e a maneira crua como a situação é retratada despertam reflexões sobre a condição humana e a passagem do tempo.