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TEXTO A
Para que ninguém a quisesse
Porque os homens olhavam demais para a sua mulher, mandou que descesse a bainha dos vestidos e parasse de se pintar. Apesar disso, sua beleza chamava a atenção, e ele foi obrigado a exigir que eliminasse os decotes, jogasse fora os sapatos de saltos altos. Dos armários tirou as roupas de seda, da gaveta tirou todas as joias. E vendo que, ainda assim, um ou outro olhar viril se acendia à passagem dela, pegou a tesoura e tosquiou-lhe os longos cabelos.
Agora podia viver descansado. Ninguém a olhava duas vezes, homem nenhum se interessava por ela. Esquiva como um gato, não mais atravessava praças. E evitava sair.
Tão esquiva se fez, que ele foi deixando de ocupar-se dela, permitindo que fluisse em silêncio pelos cómodos, mimetizada com os móveis e as sombras.
Uma fina saudade, porém, começou a alinhavar-se em seus dias. Não saudade da mulher. Mas do desejo inflamado que tivera por ela.
Então lhe trouxe um batom. No outro dia um corte de seda. A noite tirou do bolso uma rosa de cetim para enfeitar-lhe o que restava dos cabelos.
Mas ela tinha desaprendido a gostar dessas coisas, nem pensava mais em lhe agradar. Largou o tecido numa gaveta, esqueceu o batom. E continuou andando pela casa de vestido de chita, enquanto a rosa desbotava sobre a comoda.
COLASSANTI, Marina. Para que ninguém a quisesse. In: Contos de amor rasgados Rio de Janeiro, Rocco, 1986. р. 111-2..
TEXTO B
Você vai ler um trecho de uma peça de teatro, em que se torna necessário distinguir:
a) o texto em si, que interessa à literatura;
b) a peça plenamente realizada num palco, com atores, recursos de iluminação, cenário e, muitas vezes,
música.
A cena transcrita, que integra a peça Pedreira das almas, mostra um encontro decisivo entre Gabriel e Mariana, as personagens centrais.
GABRIEL: Marianal Agora, a decisão depende apenas de nós.
MARIANA: Eu sei.
GABRIEL: Queres me acompanhar assim mesmo? Casaremos na primeira capela do vale.
MARIANA: Não te faria feliz, Gabriel.
GABRIEL: Por que não?
MARIANA: Levaria para as tuas terras, para ti, todo este ódio.
GABRIEL: Este ódio não está em ti
MARIANA: Sem o consentimento de minha mãe, estaríamos sempre ameaçados. Não ouviste sua ameaça?
GABRIEL: Tua mãe é injusta.
MARIANA: É injusta, mas é minha mãe. Também não partiste por causa de teu pai?
GABRIEL: Terei que ficar, Mariana? E esperar novamente?
MARIANA: (Affita) Não! Seria arriscar tua vida.
GABRIEL: Então, parte comigo.
MARIANA: Penso em ti, Gabriel; não em mim.
GABRIEL: Ninguém irá me procurar. Não sabem onde ficam nossas terras. (...)
MARIANA: (Abraçam-se) Gabriel! (Contém os soluços) Gabriel.
GABRIEL: Como poderei viver, lá, sem te ver na varanda, fiando, tecendo, ouvindo o barulho do tear, ou das chaves
penduradas no cinto do teu vestido?
MARIANA: Viver e assistir, pouco a pouco, no meio da mata, o aparecimento do céul
GABRIEL: Vendo-te, de longe, recortada contra o estaleiro branco de polvilho!
MARIANA: As pastagens abrindo clareiras nas matas!
GABRIEL: O rosto afogueado, à beira das tachas.
MARIANA: Já não sei a quem mais amo: a ti ou à imagem do teu trabalho no planalto distante!
GABRIEL: Sem ti, ele não será tão fértill E sem ele, sofreremos aqui, sonhando a vida todal
MARIANA: Meu primo Gabriel!
GABRIEL: Minha prima Marianal
(Gabriel e Mariana, dominados por um grande amor, ficam abraçados, olhando o vale enquanto corre o pano lentamente.)
ANDRADE, Jorge. Pedreira das almas. In: Marta, a árvore e o relógio. São Paulo, Perspectiva, 1970. p. 87-8.
1. Responda, a respeito do texto B:
As partes do texto escritas entre parenteses e em itálico são chamadas de rubrica. Através das rubricas, o autor da peça indica como devem comportar-se os atores que vão representar os papéis de cada personagem, além de descrever o espaço.
a) Pode-se afirmar que as rubricas suprem, de certo modo, a fala do narrador? Justifique sua resposta.
b) Quando o texto for encenado, os atores falarão as rubricas?
2. Identifique o texto a que se refere cada uma das afirmativas:
a) O texto lido é uma história para ser representada num palco.
b) O texto lido resume-se às confissões dos sentimentos intimos de um poeta.
c) O texto lido é uma narrativa.
3. Assinale as alternativas corretas:
a) Nós, leitores, tomamos conhecimento dos fatos através da fala de um narrador, nos três textos.
b) Narrador só existe no texto A. No texto B, tomamos conhecimento dos fatos por meio do diálogo das personagens e das rubricas.
c) Não há narrador em nenhum dos textos.
4. No texto C:
a) O eu-poético refere-se à realidade do mundo exterior ou à sua realidade interior? Justifique sua resposta.
b) A quem se dirige o poeta?
5. Identifique o que for correto em relação ao texto C.
a) O texto expressa sentimentos íntimos de um eu-poético. Não se conta nenhuma história.
b) No texto não há narrador.
c) Há duas personagens enfrentando situações de desequilibrio.
Sagot :
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