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13. Prezada senhorita,
Tenho a honra de comunicar a V. S. que resolvi, de acordo
com o que foi conversado com seu ilustre progenitor, o
tabelião juramentado Francisco Guedes, estabelecido à Rua
da Praia, número 632, dar por encerrados nossos
entendimentos de noivado. Como passei a ser o contabilista-
chefe dos Armazéns Penalva, conceituada firma desta praça,
não me restará, em face dos novos e pesados encargos,
tempo útil para os deveres conjugais.
Outrossim, participo que vou continuar trabalhando no varejo
da mancebia, como vinha fazendo desde que me formei em
contabilidade em 17 de maio de 1932, em solenidade
presidida pelo Exmo. Sr. Presidente do Estado e outras
autoridades civis e militares, bem assim como
representantes da Associação dos Varejistas e da Sociedade
Cultural e Recreativa José de Alencar.
Sem mais, creia-me de V. S. patrício e admirador,
Sabugosa de Castro
CARVALHO, J. C. Amor de contabilista. In: Porque Lulu
Bergatim não atravessou o Rubicon.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1971.
A exploração da variação linguística é um elemento que
pode provocar situações cômicas. Nesse texto, o tom de
humor decorre da incompatibilidade entre
A) O objetivo de informar e a escolha do gênero textual.
B) A linguagem empregada e os papéis sociais dos interlocutores.
C) O emprego de expressões antigas e a temática desenvolvida no
texto.
D) As formas de tratamento utilizadas e as exigências estruturais da
carta.
E) O rigor quanto aos aspectos formais do texto e a profissão do
remetente.
14. Querido Sr. Clemens,
Sei que o ofendi porque sua carta, não datada de outro dia,
mas que parece ter sido escrita em 5 de julho, foi muito
abrupta; eu a li e reli com os olhos turvos de lágrimas. Não
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02 (Enem-2021)
Não que Pelino fosse químico, longe disso; mas
era sábio, era gramático. Ninguém escrevia em
Tubiacanga que não levasse bordoada do Capitão
Pelino, e mesmo quando se falava em algum homem
notável lá no Rio, ele não deixava de dizer: "Não há
dúvida! O homem tem talento, mas escreve: 'um
outro', 'de resto..." E contraía os lábios como se
tivesse engolido alguma cousa amarga.
Toda a vila de Tubiacanga acostumou-se a
respeitar o solene Pelino, que corrigia e emendava
as maiores glórias nacionais. Um sábio...
Ao entardecer, depois de ler um pouco o Sotero,
o Candido de Figueiredo ou o Castro Lopes, e de
ter passado mais uma vez a tintura nos cabelos,
o velho mestre-escola saía vagarosamente de casa,
muito abotoado no seu paletó de brim mineiro, e
encaminhava-se para a botica do Bastos a dar dous
dedos de prosa. Conversar é um modo de dizer,
porque era Pelino avaro de palavras, limitando-se
tão-somente a ouvir. Quando, porém, dos lábios
de alguém escapava a menor incorreção de
linguagem, intervinha e emendava. "Eu asseguro,
dizia o agente do Correio, que..." Por aí, o mestre-
-escola intervinha com mansuetude evangélica:
"Não diga 'asseguro', Senhor Bernardes; em
português é garanto".
E a conversa continuava depois da emenda, para
ser de novo interrompida por uma outra. Por essas e
outras, houve muitos palestradores que se afastaram,
mas Pelino, indiferente, seguro dos seus deveres,
continuava o seu apostolado de vernaculismo.
BARRETO, L. A Nova Califórnia.

Do ponto de vista linguístico, a defesa da norma-
-padrão pelo personagem caracteriza-se por
A. contestar o ensino de regras em detrimento
do conteúdo das informações.
B. resgatar valores patrióticos relacionados às
tradições da língua portuguesa.
C. adotar uma perspectiva complacente em
relação aos desvios gramaticais.
D. invalidar os usos da língua pautados pelos
preceitos da gramática normativa.
E. desconsiderar diferentes níveis de formalidade
nas situações de comunicação.​