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que eliminasse os decotes, jogasse fora os sapatos
de saltos altos. Dos armários tirou as roupas de seda,
da gaveta tirou todas as joias. E vendo que, ainda
assim, um ou outro olhar viril se acendia à passagem
dela, pegou a tesoura e tosquiou-lhe os longos
cabelos.
Agora podia viver descansado. Ninguém a
olhava duas vezes, homem nenhum se interessava
por ela. Esquiva como um gato, não mais atravessava
praças. E evitava sair.
Tão esquiva se fez, que ele foi deixando de
ocupar-se dela, permitindo que fluisse em silêncio
pelos cômodos, mimetizada com os móveis e as
sombras.
Uma fina saudade, porém, começou a
alinhavar-se em seus dias. Não saudade da mulher.
Mas do desejo inflamado que tivera por ela.
Então lhe trouxe um batom. No outro dia um
corte de seda. À noite tirou do bolso uma rosa de
cetim para enfeitar-lhe o que restava dos cabelos.
Mas ela tinha desaprendido a gostar dessas
coisas, nem pensava mais em lhe agradar. Largou o
tecido em uma gaveta, esqueceu o batom. E
continuou andando pela casa de vestido de chita,
enquanto a rosa desbotava sobre a cômoda.
In: Rio de Janeiro: Rocco, 1986. P. 111-2.
QUESTÃO-02
O sentido de MIMETIZAR no texto, é
(A) acostumar-se com o silêncio
(B) expressar-se através de mimicas
(C) adquirir o gosto por está em casa, no escuro
(D) adquirir forma ou aspecto dos móveis e coisas
Leia o texto.