IDNLearner.com, onde a comunidade se une para resolver suas dúvidas. Pergunte e receba respostas confiáveis de nossa comunidade dedicada de especialistas em diversas áreas do conhecimento.

Mariana, 23 anos, grávida de 19 semanas, segundo filho, sendo que primeiro filho, de 1 ano, não faz acompanhamento na Unidade Básica de Saúde (UBS) desde os 3 meses de idade. Fez primeiros exames do pré-natal na UBS após teste de gravidez positivo. O serviço da vigilância epidemiológica do município contatou a UBS, pois VDRL (1/4) e teste treponêmicos deram positivo. Durante visita domiciliar, Mariana manifesta vontade de realizar aborto, pois a gravidez não foi planejada, nem é desejada. Chora muito durante a conversa com a Agente Comunitária de Saúde (ACS) e se mostra muito abalada emocionalmente, relata que não tem paciência com choro do filho de 1 ano e que o agride verbalmente. O pai, Marcos, não participa no cuidado do primeiro filho, Antônio. Foi pouco participativo na primeira gestação, quando o casal fez tratamento para sífilis. Há registro do tratamento adequado e seguimento sorológico da Mariana. No entanto, Marcos diz que completou o tratamento sem que haja registro na UBS. Ele se queixou do tratamento (penicilina benzatina) e agora não quer ir mais na UBS. Diz que não é infiel. O município está apresentando aumento do índice de sífilis congênita e a orientação é tratamento a partir de qualquer exame positivo, independente da possibilidade de cicatriz sorológica e em casos de risco de reinfecção. A equipe é cobrada para resposta rápida a este problema, inclusive retratar o casal pela suspeita de reinfecção e risco de sífilis congênita. Antônio continua sem acompanhamento e apresenta aparente atraso no desenvolvimento, segundo a ACS. Não se senta sozinho e está muito magro. Agora que você já conhece os problemas enfrentados por Mariana e sua família, analise as perguntas disparadoras e reflita sobre os conhecimentos da Medicina de família e Comunidade a partir do caso apresentado. Perguntas disparadoras: 1. Você conhece os princípios da MFC? 2. Como estes princípios se aplicam a situação-problema apresentada? 3. Como realizar com comunicação efetiva neste caso? 4. Quais novas competências devem ser adq

Sagot :

Resposta:

Resposta:

Análise do Caso de Mariana e Família: Perspectiva da Medicina de Família e Comunidade (MFC)

1. Princípios da MFC:

A MFC se baseia em princípios que visam o cuidado integral, contínuo e centrado na pessoa. No caso de Mariana e família, esses princípios se aplicam da seguinte forma:

* Cuidado integral: Abrange aspectos físicos, psicológicos e sociais da saúde, considerando a família e a comunidade como contexto de vida.

* Continuidade do cuidado: Acompanhamento ao longo do tempo, desde a gestação até a infância de Antônio e o futuro de Mariana e Marcos.

* Centrado na pessoa: Reconhece a autonomia e as necessidades individuais de cada membro da família, considerando seus valores e expectativas.

2. Aplicação dos princípios:

* Cuidado integral: A equipe da UBS deve oferecer acompanhamento pré-natal completo para Mariana, incluindo testes para sífilis e outras ISTs, ultrassons e acompanhamento psicológico.

* Continuidade do cuidado: A equipe deve realizar visitas domiciliares para acompanhar o desenvolvimento de Antônio, oferecer orientação sobre os cuidados com o bebê e encaminhá-lo para serviços especializados, se necessário.

* Centrado na pessoa: A equipe deve acolher Mariana e Marcos com empatia e respeito, considerando seus sentimentos e dificuldades. Deve oferecer apoio emocional e ajudá-los a tomar decisões informadas sobre a gravidez e o futuro da família.

3. Comunicação efetiva:

* Escuta ativa: A equipe deve ouvir atentamente Mariana e Marcos, sem julgamentos, para compreender suas preocupações e necessidades.

* Empatia: É fundamental que a equipe se coloque no lugar de Mariana e Marcos para entender seus sentimentos e motivações.

* Comunicação clara e objetiva: A equipe deve explicar os riscos da sífilis congênita e as opções de tratamento de forma clara e objetiva, utilizando linguagem acessível.

* Respeito à autonomia: A equipe deve respeitar a decisão de Mariana sobre a gravidez, seja ela continuar ou interromper.

4. Novas competências:

* Abordagem da violência intrafamiliar: A equipe precisa estar preparada para identificar e abordar a violência verbal que Mariana sofre do filho, oferecendo apoio e orientação para que ela busque ajuda especializada.

* Saúde sexual e reprodutiva: A equipe deve ter conhecimento sobre os diferentes métodos contraceptivos e oferecer orientação sobre planejamento familiar a Mariana e Marcos.

* Intersetorialidade: A equipe deve buscar a colaboração com outros serviços da rede de saúde, como psicologia, serviço social e pediatria, para garantir um atendimento abrangente à família.

Conclusão:

O caso de Mariana e família exige uma abordagem abrangente e sensível, com base nos princípios da MFC. A equipe da UBS deve trabalhar em conjunto para oferecer cuidado integral, com comunicação efetiva e respeito à autonomia da família. O desenvolvimento de novas competências, como a abordagem da violência intrafamiliar, saúde sexual e reprodutiva e intersetorialidade, é fundamental para garantir um atendimento de qualidade e contribuir para a saúde da família.